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quarta-feira, 24 de março de 2010

Exposição - O lúdico de Kael

Por Giovana Torres Pessoa
fotos de Giovana Torres Pessoa


O culturama foi conferir a exposição do Artista Plástico Kael, que ficará aberta ao público até 3 de Abril, de terça à sábado das 12h às 21h no salão de exposições do Teatro Municipal de Santo André. (Fecha apenas entre às 18h e 19h, horário de janta).

As obras da exposição trazem a temática do Ludico, retrata o imaginário coletivo e aspectos da cultura. Além disso traz a tona a discução sobre valores, sobre o que é arte, sobre os aspectos economicos e socio-culturais e da cultura do desperdício e do descartável. As obras fazem parte das composições denominadas por Kael como experiências, brinquedos, jogos e fantasias.
A mostra, feita de material reciclável coletado do lixo usa muitas cores e é bem provocativa. O artista traz em suas obras referencias artísticas, mitológicas e faz criticas ao desperdício e à comportamentos humanos. Brincando bastante com formas e cores, e organização das peças expostas a exposição é agradável ao olhar e carregada de significados. Kael utiliza muito as técnicas de colagem, e a mostra inclui não só quadros mas também algumas esculturas.

Uma das obras que mais chama a atenção, logo de inicio, é um carrinho de super mercado que, como explica a funcionária Maria José, é uma escultura feita através de colagem. Ela conta ainda que a obra simboliza o inicio e o fim da exposição, pois dentro do carrinho estão colocados uma série de materiais recicláveis e descartáveis fazendo uma crítica à cultura do desperdício e do descartável que estamos vivendo.




Entre tantos materiais é possível observar uma clara referencia à Duchamp que o artista coloca algumas paginas de jornal sobrepostas onde é possível ler de cabeça para baixo "O que pensar?", em seguida "Duchamp" e logo abaixo uma pagina com várias obras dele, que em sua época causaram estranhamento e provocaram muita polêmica e discussão sobre o que é arte. E por último um jornal onde se destaca a palavra "Dinheiro". Com isso, choca, causa o estranhamento e gera assim reflexão sobre vários aspectos sociais e culturais de nossa época e a questão dos valores.










Outra obra que chama atenção logo no início da exposição é a "Mosca", a ideia de Kael aqui é outra provocação, pois trabalha a ideia de que esse "lixo", reciclável no caso, trabalhado em obras de arte não tem mosca, não é 'podre', é útil e ganhou leveza e beleza nas mãos de Kael.

A mostra é muito rica e bonita, confira algumas outras fotos da exposição, mas não deixe de visita-la caso tenha oportunidade.

Orquestra de Santo André poderá ganhar Sala de Concertos, afirma o Maestro Calos Moreno

por Giovana Torres Pessoa

No último concerto da Orquestra Sinfônica de Santo André (OSSA) o Maestro anunciou a vontade política da construção de uma sala de concertos na cidade. Os atuais governantes, que parece bem favorável ás artes – sobretudo a música erudita – estão incentivando a orquestra, que já era uma das melhores de São Paulo, a crescer ainda mais. Isso tanto em relação à qualidade dos músicos, quanto ao repertório e equipamento de qualidade. Segundo o Maestro Carlos Moreno, da Orquestra Sinfônica, o objetivo é “criar uma nova OSESP”. As mudanças já foram perceptíveis, pois já foram comprados um novo jogo de tímpanos – de melhor qualidade sonora – e rebatedores, que melhoram a qualidade de som para a apreciação da platéia.

Neste concerto foram executadas peças de Wagner, Bethoven e Chuber. Em entrevista ao Culturama o regente Roberto Ondei comenta sobre o concerto “A primeira peça foi a abertura de "Os mestres cantores de Nürembergue’, uma ópera de Richard Wagner – um dos maiores compositores de ópera da história. Depois apresentaram o concerto para piano e orquestra em Lá menor de Robert Shumann, com solo de Eduardo Monteiro. Fechando o concerto, executaram a primeira sinfonia em dó maior de Ludwig van Bethoven, que é uma obra muito importante do repertório sinfônico, obrigatória em todos os sentidos para o estudante de regência, no que diz respeito à harmonia, ao gestual e à análise formal. É uma obra de grande valor pois é a primeira entre as nove que Bethoven compôs, trabalhando todos esses aspectos”.

Ao fim do concerto, ovacionados pela platéia que insistentemente pediam "bis" – como em quase todos os concertos que assisti –, a Orquestra Sinfônica de Santo André apresentou ainda uma das famosas Danças Hungaras, a n°1, do compositor alemão Johannes Brahms. “São danças compostas por Divorguem, um compositor Checo e orquestrada por Brahms. São 21 danças, cada uma com a sua peculiaridade. Peças muito conhecidas e que traziam uma sonoridade própria do leste europeu. Trouxeram um novo universo sonoro, que influenciou grandes compositores nos séculos XVIII e XIX. O próprio Mozart, por exemplo teve grande influencia dessas músicas e tem até uma ópera, o ‘Rapto do Serralho’, que mostra bastante essa influencia explorando essa nova sonoridade”, comenta Ondei.

Sobre idéia de contruir uma Sala de Concertos, o regente do Coro comenta que “essa gestão está querendo investir na música clássica. A ideia de construir uma Sala de Concertos, segundo o secretário, é muito forte, mas é um projeto de longo prazo. Mesmo assim é um grande avanço pois são poucas as prefeituras que tem a intenção de produzir esse tipo de cultura”. Ele ainda diz que com isso o Coro de Santo André também ganha uma ótima perspectiva de expansão e visualiza a possibilidade de criação de uma lei para a existência do coro, uma iniciativa que vai valorizar mais os músicos e a cultura da cidade. “Vai fomentar toda a região. Santo André será uma referência ainda mais forte de uma música de qualidade aqui para toda a região do ABC”, completa.

A OSSA está ganhando grande repercussão e reconhecimento. No concerto anterior o próprio compositor Edino Krieger, que compareceu para explicar a composição "Terra Brasilis", comentou sobre a qualidade inquestionável da orquestra. Não é por acaso que todos os concertos são bem frequentados e quase sempre lotam. Isso mostra que quando produtos culturais de qualidade são oferecidos à população, a preços acessíveis, ela da valor e acompanha a atividade cultural da cidade. Érique, 27, diz “gosto muito da orquestra, apesar de não conhecer profundamente o repertório, ou detalhes sobre o compositor. Eu gosto de vir porque me sinto bem, gosto da música. Além disso é um programa bem acessível. Já vim várias vezes e pretendo continuar vindo, pois a orquestra está crescendo muito e o maestro Moreno está fazendo um trabalho bom”.

domingo, 14 de março de 2010

Isso é que é Noitão!

Por Giovana Pessoa

NoitãoHSBC Belas Artes


12 de março, segunda sexta-feira do mês. Saio calmamente pela porta do prédio, atravesso o campus da Universidade e chego à Rua da Consolação. Aguardo até que os carros parem e atravesso. No ponto, vejo um ônibus laranja cujo destino desconheço. Apenas pergunto ao motorista: Vai até a paulista? Ele prontamente responde que sim. De imediato subo no ônibus, passo a catraca cumprimentando o cobrador e me coloco frente à porta de saida. Logo chego ao cinema Belas Artes, onde acontecerá mais um Noitão.



O Noitão, evento que já se tornou tradição entre cinéfilos mas também muito frequentado por curiosos, acontece toda segunda sexta-feira do mês, da meia-noite às seis, à seis anos. O ‘esquema’ é o seguinte: são três filmes não comerciais, num estilo alternativo e inteligente, quase sempre inéditos no Brasil. A edição desta ultima sexta, cujo tema foi Garotos de Família, contou com os filmes “Mais que o Máximo”, “Nos Embalos da Disco” e “Soul Kitchen”, o filme surpresa da vez.



Uma ótima alternativa de lazer, pois o evento oferece a possibilidade de ver filmes inteligentes e artísticos, difíceis de encontrar hoje em dia. Além disso também é barato. Por R$ 18,00 (R$ 9,00 a meia) temos acesso à essas obras primas da sétima arte, com um clima descontraído e agradável. Os organizadores também fazem sorteio de brindes – camisetas, CDs, DVDs e afins – e, à partir das seis da manhã, distribuem um “kit café da manhã”, que incluía um bombom, um achocolatado, biscoitinhos salgados, bolinho recheado e café à vontade.



A programação foi impecável.



Os organizadores reuniram três comédias, os já citados “Mais que o Maximo” (com Gad Elmaleh e participação de Gerard Depardieu) e “Nos Embalos da Disco”(com Emmanuelle Béart e Gerard Depardieu também), e o filme surpresa “SOUL KITCHEN.



Nos Embalos da Disco:
http://www.youtube.com/watch?v=LEUKeZsQxXA



em Nos Embalos da Disco Didier,um quarentão também conhecido como Didier Travolta, topa o desafio de voltar às pistas de dança após tantos anos parado. Ao saber de um concurso de dança cujo prêmio é uma viagem para a Austrália com acompanhante, Didier vê sua unica chance de rever o filho e passar as férias com ele, já que sua ex-mulher impede que fiquem juntos porque Didier é um desempregado sustentado pela mãe. A partir da ai começam as incríveis performances embaladas por grandes clássicos da disco.




Mais que o Máximo:
http://www.youtube.com/watch?v=qFf0qF8BC_o



O melhor filme da noite, na minha opinião. De origem humilde, vindo de Marrocos sem dinheiro algum, Coco chega à França. Depois de trabalhar muito, uma invenção o torna um milionário respeitadíssimo. Apaixonado por festas e com mania de grandeza só quer garantir a própria felicidade e de sua família. Para isso faz/compra tudo o que considerar necessário. Agora o objetivo principal de Coco é preparar a grande, inesquecível e incomparável Mitzvah – festa que marca o início da maturidade masculina na cultura judaica - de Samuel, seu filho. A trama está toda ligada à preparação desta festa. Os exageros, chiliques e confusões de Coco a partir de então são trabalhadas com muito humor e revelam um pai dedicado e carinhoso. Mais que o Máximo é mesmo demais!!!



Mais detalhes:



MAIS QUE O MÁXIMO
(Coco)
França, 2009, 95 min., cor, 14 anos.
Direção: Gad Elmaleh
Elenco: Gad Elmaleh, Pascale Arbillot e Gerard Depardieu.



SOUL KITCHEN
(Soul Kitchen)
Alemanha, Turquia, cor, 2009, 99 min., 14 anos.
Direção: Fatih Akin
Elenco: Adam Bousdoukos , Moritz Bleibtreu e Anna Bederke.



NOS EMBALOS DA DISCO
(Disco)
França, 2008, cor, 103 min., 12 anos.
Direção: Fabien Oteniente
Elenco: Franck Dubosc, Emmanuelle Béart e Gerard Depardieu.



Patologia ou normalidade?












Por Luana Copini

Refletindo sobre a hipótese de existir um lugar que se pode matar por amor – ou amando – descobre-se um palco de espetáculos: o cinema. A espetaculização do ciúme exagerado está presente frequentemente em outras manifestações de artes como por exemplo, além do cinema, na música, no teatro, nas novelas e nos livros.

O ciúmes em demasia é caracterizado como patológico. Pode ser por algum objeto, por um sentimento ou por uma pessoa. No filme francês do diretor Claude Chabrol, do ano de 1994, Ciúmes – O inferno do amor possessivo, o ciúme retratado é especificamente conjugal.

Paul e Nelly são casados e tem um filho chamado Vincent de 7 anos de idade. Dono de um hotel, Paul vive feliz com sua família até que começa a desconfiar que Nelly o trai com hóspedes e empregados do hotel. A trama gira em torno das idéias doentias de Paul, que cria um mundo relativamente fiel a sua desconfiança.

Apesar da busca incensante por fatos e atitudes que justifiquem e comprovem a infidelidade de Nelly, o filme não nos mostra se realmente acontece ou não a traição, pelo contrário, se Bentinho estivesse vivo, contaria a mesma história e teríamos as mesmas indagações! (Dom Casmurro, Machado de Assis).

O que o filme nos propõem subjetivamente são questionamentos como: até que ponto influenciamos ou não o comportamento de nossos companheiros? Apenas um, levando em consideração o amor conjugal, é responsável pela criação e manutenção do ciúmes? Ficam aí uma dica de filme e uma de leitura!

Expressões como “É minha e somente minha, ou Quem gosta cuida” são muito utilizadas, porém não pensadas. Cuidar em demasia, no sentido de posse, pode se transformar em ciúmes patológico ou amores possessivos, acarretando consequencias comportamentais negativas e até mesmo levar a tragédia. É neste momento que Otelo entra em cena! (Otelo, obra de Willian Shakespeare).

Almas Gêmeas veio ao público no mesmo ano que o filme Ciúmes – O inferno do amor possessivo, este francês e aquele alemão do diretor Peter Jackson, é baseado em uma história verídica que aconteceu na Nova Zelândia na década de 50.

Duas adolescentes se conheceram na escola e cultivaram uma amizade compulsiva e obsessiva, se tornando inseparáveis. Os pais preocupados com este isolamento das filhas do resto das pessoas, decidiram separá-las, por sua vez, elas respondem afirmando que jamais isso aconteceria.

Como forma se fugir do mundo real, as adolescentes criam um mundo imagético, de fantasias e imaginação, talvez como forma de fuga da realidade ou simplesmente devaneios de adolescentes sonhadoras querendo sair do contexto político-social que estavam vivenciando.

Neste filme, o amor não é conjugal e nem caracterizado pelo ciúme, diferente do filme de Kirstem Sheridan, Disco Pigs, em que dois adolescentes (Pig e Runt), nasceram no mesmo dia e possuem um elo de ligação forte, julgado inseparável, porém no decorrer do filme esta relação é abalada.

Ao completar 17 anos Runt se aproxima de um colega, e sai do mundo criado junto com Pig, em decorrência Pig transforma-se, e se mostra agressivo, alterando seu comportamento e caracterizando possuir um ciúmes doentil, querendo Runt como objeto de posse. Mais algumas dicas além das já citadas: Nunca Mais, direção de Michael Apted; Fixação, direção de John Polson e Atração Fatal, direção de Adrian Lyne.