
Por Luana Copini
Refletindo sobre a hipótese de existir um lugar que se pode matar por amor – ou amando – descobre-se um palco de espetáculos: o cinema. A espetaculização do ciúme exagerado está presente frequentemente em outras manifestações de artes como por exemplo, além do cinema, na música, no teatro, nas novelas e nos livros.
O ciúmes em demasia é caracterizado como patológico. Pode ser por algum objeto, por um sentimento ou por uma pessoa. No filme francês do diretor Claude Chabrol, do ano de 1994, Ciúmes – O inferno do amor possessivo, o ciúme retratado é especificamente conjugal.
Paul e Nelly são casados e tem um filho chamado Vincent de 7 anos de idade. Dono de um hotel, Paul vive feliz com sua família até que começa a desconfiar que Nelly o trai com hóspedes e empregados do hotel. A trama gira em torno das idéias doentias de Paul, que cria um mundo relativamente fiel a sua desconfiança.
Apesar da busca incensante por fatos e atitudes que justifiquem e comprovem a infidelidade de Nelly, o filme não nos mostra se realmente acontece ou não a traição, pelo contrário, se Bentinho estivesse vivo, contaria a mesma história e teríamos as mesmas indagações! (Dom Casmurro, Machado de Assis).
O que o filme nos propõem subjetivamente são questionamentos como: até que ponto influenciamos ou não o comportamento de nossos companheiros? Apenas um, levando em consideração o amor conjugal, é responsável pela criação e manutenção do ciúmes? Ficam aí uma dica de filme e uma de leitura!
Expressões como “É minha e somente minha, ou Quem gosta cuida” são muito utilizadas, porém não pensadas. Cuidar em demasia, no sentido de posse, pode se transformar em ciúmes patológico ou amores possessivos, acarretando consequencias comportamentais negativas e até mesmo levar a tragédia. É neste momento que Otelo entra em cena! (Otelo, obra de Willian Shakespeare).
Almas Gêmeas veio ao público no mesmo ano que o filme Ciúmes – O inferno do amor possessivo, este francês e aquele alemão do diretor Peter Jackson, é baseado em uma história verídica que aconteceu na Nova Zelândia na década de 50.
Duas adolescentes se conheceram na escola e cultivaram uma amizade compulsiva e obsessiva, se tornando inseparáveis. Os pais preocupados com este isolamento das filhas do resto das pessoas, decidiram separá-las, por sua vez, elas respondem afirmando que jamais isso aconteceria.
Como forma se fugir do mundo real, as adolescentes criam um mundo imagético, de fantasias e imaginação, talvez como forma de fuga da realidade ou simplesmente devaneios de adolescentes sonhadoras querendo sair do contexto político-social que estavam vivenciando.
Neste filme, o amor não é conjugal e nem caracterizado pelo ciúme, diferente do filme de Kirstem Sheridan, Disco Pigs, em que dois adolescentes (Pig e Runt), nasceram no mesmo dia e possuem um elo de ligação forte, julgado inseparável, porém no decorrer do filme esta relação é abalada.
Ao completar 17 anos Runt se aproxima de um colega, e sai do mundo criado junto com Pig, em decorrência Pig transforma-se, e se mostra agressivo, alterando seu comportamento e caracterizando possuir um ciúmes doentil, querendo Runt como objeto de posse. Mais algumas dicas além das já citadas: Nunca Mais, direção de Michael Apted; Fixação, direção de John Polson e Atração Fatal, direção de Adrian Lyne.